quarta-feira, 17 de junho de 2009

UM CAÇADOR " DE ARAQUE " EM ÁFRICA ! ! !





 









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1ª foto - Dança do sal feita pelos nativos para que o caçador tenha sorte na caçada.
A 2ª foto - Eu, a minha mulher Lídia e uma amiga dela, cada um com a sua arma.
A 3ª foto - A pose com o guia e com um búfalo
A 4ª foto - A machése (palhota grande), o meu Land Rover, a Lídia e a irmã Graça
A 5ª foto - O meu 1º Land Rover já preparado para a caça
A 6ª foto - Eu com dois guias e uma gondonga
A 7ª foto - As manas Lídia e Graça à noite junta à fogueira
A 8ª foto - Uma bonita vista ao fim do dia, do meu acampamento de caça sobre o Rio Pungué
A 9ª foto - Uma paragem no mato para se fazer "qualquer coisa", um xixi, por exemplo !!
A 10ª foto - O meu L. R. grande (109) já completo, para caçar.
A 11ª foto - Eu com uma pála-pála.
A 12ª foto - O resultado duma caçada: 2 javalis, uma pála-pála e uma gazela.
Vamos então agora começar com a descrição, de alguns factos que considero interessantes.
Quando fui para África como militar, fui integrado numa companhia que tinha a denominação de "Companhia de Caçadores Especiais 300". Não sei se foi o nome da minha unidade no Exército ou possivelmente a mania da caça, o facto é que quando passei à disponibilidade dei por mim a comprar armas e munições a fim de ser um verdadeiro caçador nos "tandos" e florestas da nossa província ultramarina de Moçambique, que é designada agora como Republica Popular de Moçambique. Mas o facto é que actualmente não consigo vangloriar-me das caçadas feitas nesse país, porque isso me obrigava a falar dos animais que matei e essa é a parte que menos gosto !!!
Tenho várias fotografias que podem documentar estas minhas caçadas, mas o passeio e a estadia durante o fim-de-semana na mata, longe do bulício da cidade, era a meu ver um facto muito mais interessante do que a saída para a mata procurando os animais, que por vezes nem apareciam! Não era bem o caso do território em redor do meu acampamento, uma vez que este se encontrava aproximadamente a uns quatrocentos ou quinhentos metros, da reserva de caça da Gorongoza e que por essa razão nunca faltavam animais para as nossas caçadas. No entanto quero deixar bem claro que eu não era aquela espécie de caçador, como existiam muitos, que matavam animais só pelo prazer de matar, não respeitando no mínimo a natureza. Eu matava caça para comer, e nunca abatia animais em excesso, não só para não provocar a sua extinção, mas tambem para que não se estragasse nem um pouco dessa carne tão saborosa e tão tenra, ainda que por vezes a tivesse que oferecer a amigos, familiares, ou mesmo dar de presente aos rapazes que me serviam de guias nessas caçadas.


Quando comecei a praticar este desporto, contava com um "Land-Rover 88" (foto 5), que apesar de muito pequeno conseguia ir onde os outros iam, mas no fim, para carregar as peças de caça, não tinha tamanho de caixa suficiente para transportar algum animal de maior porte, como por exemplo uma "gondonga". Para fazerem uma idea de como era este animal posso compará-lo a uma gazela mas esta, com cerca de oitenta a cem quilos de peso (foto 6). Estes bichos eram sempre preferidos por nós (caçadores), porque a sua carne era imensamente tenra, fosse ela cortada do lombo ,da perna ou de outra qualquer parte do animal. Tenho comigo para vos mostrar o porte deste antílupe, algumas fotografias, onde se pode ver o tamanho do animal. Outros bichos vos serão mostrados em fotografias (fotos 2, 6, 11 e 12), podendo assim ficarem com uma idea do tamanho deles, por comparação, pois que normalmente eu ou colegas meus de caça estaremos sempre por perto a fazer a velha pose para a "posteridade"!!
Há uma matéria que não pode passar despercebida neste passatempo uma vez que é crucial na caça: são as armas. Vou passar então a tentar descrever o melhor possível como e com quê, eu andava armado nestas caçadas. Levava sempre comigo, além de um revólver de calibre .32, para qualquer eventualidade, três armas de caça: uma carabina "Usqvarna" de calibre 30.06 com alça telescópica, uma carabina"Coxwell and Harrison" de calibre 300 magnum e uma caçadeira "Erbi" de calibre 12. A carabina Cox. and Har. era suficientemente poderosa para deitar abaixo um elefante, pois que o impacto da bala até 70 metros seria de 30 toneladas, suficiente portanto para derrubar um bicho daqueles. Estas espingardas podem ver-se na foto nº 2, tendo eu a "Usqvarna", a Lídia tem a caçadeira "Erbi" e a amiga está com a "Cowell and Harrison".


Agora vou falar-vos sobre o meu acampamento, que ficava num sítio deslumbrante, pois que dum lada era a floresta verde e muito cerrada e do outro uma ravina com seis a sete metros de altura e que acabava no Rio Pungué(foto 8). A minha "machése" (cabana grande) (foto 4) tinha a porta virada ao Rio, pelo que ao fim da tarde aperecia sempre uma brisa para nos refrescar a qual era muito bem vinda, pois que quando a temperatura bate os quarenta gráus qualquer brisa que apareça é uma benção do céu!! Mas o mais engraçado é que à noite acendíamos a fogueira e ficàvamos em redor dela com uma sensação de conforto agradável em confronto com uma brisa muito fresca ou mesmo fria que teimava em nos refrescar demais !
Por vezes quando acordávamos de madrugada e saíamos da machése para fazer, vocês sabem o quê, encontrávamos pegadas de leão que vinham ao cheiro da caça. Não era muito frequente, mas acontecia de vez em quando. Houve até uma das noites que lá passámos, que um dos reis da selva não ficou contente em passar por lá despercebido e para marcar a sua passagem deu um rugido perto da machése que nos pôs todos em sobresalto, isto para não dizer "a tremer como varas verdes" !!! Eu próprio agarrei na caçadeira e metendo os canos fora da janela dei um tiro para o ar, pondo em fuga os leões, digo "os", porque pelo barulho das patas que fizeram ao fugir calculei que seriam mais do que um.
Talvez fosse bom eu explicar o que quero dizer nas fotos nº5 e na nº10 quando menciono que o Land Rover já estava preparado ou completo para a caça. Estas expressões querem se referir a que só depois de ter várias transformações é que consideramos os carros prontos para se atreverem a entrar no mato para caçar. Começamos então por aplicar um carril dos caminhos de ferro, soldado dentro da reentrância trazeira do pára-choques, seguido de um resguardo em ferro com um centimetro de espessura em frente da caixa das mudanças e do motor do veículo, duas rodas completas sobresalentes e um resguardo lateral feito com tubos, para que quando o carro está em andamento, nos possamos agarrar quando nos desiqilibramos, para não caírmos para a estrada. É então que depois de todas estas transformações, podemos já ir para o mato sem qualquer medo de precalços, mas no entanto é sempre bom saber um pouco de mecânica e ter tambem um bom lote de ferramentas, pois que a oficina mais próxima fica a cerca de duzentos kilómetros!!!
Suponho que disse quase tudo sobre as minhas caçadas em África, mas no entanto se por qualquer circunstância me lembrar de mais alguma peripécia, logo voltarei aqui para a contar.
E aqui está mais um dos meus desabafos. Um grande abraço.Vitor

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